23.2.06

"Cancioneiro Geral" de João Roiz

Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

Tão tristes, tão saudosos,
tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes, os tristes,
tão fora de esperar bem
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
João Roiz de Castelo-Branco, Cancioneiro Geral

1 Comments:

Blogger vento... said...

A minha vida é feita de partidas.
Por cada uma deles choro um bocadinho, morro um bocadinho, no entanto acabo por crescer um bocadinho.

Sinto-me hoje mais longe daquela menina que brincava perto do poço das fadas, na Pedreira.

A Pedreira, hoje transformada em auto estrada... o meu poço ficou subterrado. No entanto ele continua a existir no meu coração.

Ainda hoje, consigo sentir todas as emoções que aquele poço me fez viver. Os medos que ele engoliu, tornando-me mais forte.

Há tantas coisas das quais sinto a falta!
As ruas, as paredes, as pessoas estão repletas das nossas recordações.
Foram curtas mas são eternas. Para mim (e para mais umas quantas pessoas) nunca chegaste a partir.

Há dias em que imagino o nosso reencontro. Um dia irá acontecer, e eu ficarei feliz...

Até um dia,

da Teresa

6.8.06  

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