24.7.06

"Este Inferno de Amar" de Almeida Garrett

Este inferno de amar - como eu amo!
-Quem mo pôs n'alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida - e que a vida destrói
- Como é que se veio a atear,
Quando - ai quando se há de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... - foi um sonho
- Em que paz tão serana dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! desperatar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? - Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei...

Almeida Garrett

2 Comments:

Blogger vento... said...

A escrita de Almeida Garrett fascina-me.

A sua leitura , provoca um misto de emoções tão reais que se chega a sentir um torbilhão de sentimentos.

25.7.06  
Blogger vento... said...

Durante anos recitei este poema sem a consciência de que me era tão próximo.

Hoje olhando para trás vejo o quanto ele faz sentido.
Em várias situações era assim que agia.

Há dias em que penso que não nunca senti a sensação do Amor. Outros há em que O vejo em em todos os actos que pratico em todos os meus olhares.

Afinal a minha vida não foi tão superficial ao ponto de ter vivido unicamente grandes paixões (sem amor).

Há dias!

22.8.06  

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