"Este Inferno de Amar" de Almeida Garrett
Este inferno de amar - como eu amo!
-Quem mo pôs n'alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida - e que a vida destrói
- Como é que se veio a atear,
Quando - ai quando se há de ela apagar?
Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... - foi um sonho
- Em que paz tão serana dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! desperatar?
Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? - Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei...
Almeida Garrett
-Quem mo pôs n'alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida - e que a vida destrói
- Como é que se veio a atear,
Quando - ai quando se há de ela apagar?
Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... - foi um sonho
- Em que paz tão serana dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! desperatar?
Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? - Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei...
Almeida Garrett
2 Comments:
A escrita de Almeida Garrett fascina-me.
A sua leitura , provoca um misto de emoções tão reais que se chega a sentir um torbilhão de sentimentos.
Durante anos recitei este poema sem a consciência de que me era tão próximo.
Hoje olhando para trás vejo o quanto ele faz sentido.
Em várias situações era assim que agia.
Há dias em que penso que não nunca senti a sensação do Amor. Outros há em que O vejo em em todos os actos que pratico em todos os meus olhares.
Afinal a minha vida não foi tão superficial ao ponto de ter vivido unicamente grandes paixões (sem amor).
Há dias!
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